A face que vi era sombria, crua, cruel e desnuda,
me desfazia com os olhos, jurou que eu havia me precipitado.
Eu havia me enganado, o mundo não é tão maravilhoso assim,
concordo com o poeta: "o sol não é tão bonito para quem vem do norte",
você é deixado a própria sorte e enxerga lados dos humanos que não sabem ser.
É pesado, duro, a vida pisa, passa por cima, te empurra no chão e
em pedaços deixa seu coração como pequenos cacos de vidro abandonados
e deixados para trás, por não serem encaixáveis numa realidade cheia
de extremidades, saudades, maldades, lágrimas e falsos verdes.
Você jura por segundos e longos segundos que foi só um momento,
que tudo aquilo não vai se repetir, que você não vai mais morrer por
algo que não deveria te incomodar.
Mas a realidade é que não ver humanidade dói, destrói e corrói tudo que existe em você.
Aos poucos me vi tão desnorteada, jogada a própria sorte,
como se estivesse em um jogo de roleta russa onde a única saída é ouvir o gatilho.
E quantos gatilhos ouvi e perdi, me perdi, me feri.
Embora estivesse tão machucada, persisti em seguir essa estrada,
e jurei não me deixar por vencida.
Hoje em dia visto a camisa do norte que bate de frente com a morte e tenta
vencer a vida.