17 de maio de 2019

Recordações me matam

Quando você estiver lendo essas palavras, por favor entenda, que verso em verso estou sangrando.
Sangro as emoções, os sonhos, os desejos, os anseios que você inspirou em mim,
cada palavra, cada certeza, cada tremor em minhas mãos,
é a incerteza quase certa que transbordo todo o amor que em palavras vira emoção.

É tão eterno e terno esse amor que em mim habita por você,
que não importa quantos erros foram cometidos e comedidos,
é por você que ainda luto, levanto e saio e dou sorrisos.
Não tenha medo do quanto vou chorar, suas palavras e seus pés irão me fazer saltar.

E saltarei, eu saltarei com a certeza de que a vida ensina,
não com seu carinho, muito menos com o afeto que tinha em seu abraço,
mas eu não tenho medo dos laços, não tenho medo porque sempre fomos nós.
E mesmo que as histórias se descruzem, que os caminhos percam o compasso,
eu sigo os seus passos para acertar a nossa melodia de amar.

Embora algumas palavras tenham sido trocadas de maneira dolorida,
algumas não ditas, silenciadas e sufocadas em saídas sem voltas,
em partidas e gritos deixados em portas,
ainda sou a busca de acertar na vida, me tornando espumas num vento,
que num som atento pede pra vida pisar devagar.
Ainda tenho um coração frágil,
ainda sou como nossos pais.

6 de maio de 2019

Espadrapo e merthiolate

Houve um tempo em que o cheiro de cachimbo, misturado com a mania de estudo, somado a facilidade de aprendizado era tudo que eu precisava.
Houve um tempo em que gritos, chegadas tardias era tudo que eu não precisava.
Chegou ao ponto que somente a parte ruim, por mim, era recordada.
Embora me sentisse sozinha estando acompanhada, ao redor eu sentia que meu mundo desabava.

Eu nunca entendi direito o que devia ser perfeito apenas ressaltava defeito de duas vidas, que o destino unia.
E de duas se tornaram quatro que viviam num curto espaço repleto de amor e agonia.
Um herói que largava a capa, uma rainha que deixava a coroa,
Embora duas pequenas vidas sofressem a toa, sem nem saber o que o destino reservaria.

Ainda existe um poço de dor, de ressentimento, de descontentamento com tantas ruínas que o destino deixou para trás,
Ainda sinto resquícios de um amor que não retorna mais,
Ainda habita em meu coração uma lembrança boa preenchida de razão que contempla os caminhos separados,
Mas o destino sabia que até meu coração tinha sido separado?
Não sei, não consigo entender.

Ainda me recordo dos perfumes, cremes, roupas estampadas, calças bem passadas e risadas abafadas na hora de dormir,
Me vem a memória uma mesa recheada, algumas fotos rasgadas e uma decepção que me tirava até o direito de sorrir,
Via todo dia uma imagem que se foi, via todo dia uma rotina que não queria.
Embora estivesse acompanhada, me sentia tão sozinha,
Mesmo sabendo que ao meu lado alguém sentia uma dor igual a minha,
Que se fortaleceu pra equilibrar, mas não imaginava o quanto a força poderia afundar e soterrar raivas não sentidas.
Ainda lembro de portas fechando, gritos, frutos do mar e partidas.
Ainda me dói a dor de ter dado um pause seguido de stop de duas vidas.