26 de junho de 2011

Morte Súbita

E então me senti sufocado,
culpado de tudo que não fiz.
E um pouco embebedado, rompo,
desamarrado,  desgarrado de tudo,
das mentiras que ouvi.

Larguei-me de tudo,
desapeguei-me da vida.
Em meio as tribulações,
abrem-se todas as feridas,
mas mesmo assim, não me torno melhor.
Quanto maior a dor,
menos querido sou.

Chega de calúnias.
Essas histórias que são feitas pra crianças.
Sinto que a dor me alcança
e me faz pior do que já sou.
Então, escrevo sobre essa amargura,
sentindo algo além da vida.
Sinto a morte me alcançar
e me fazer demais infeliz.
Conduz, reduz, condiz.

Morte súbita a quem amou.
Veja de perto quem fingiu,
Escasseando a dor
Matando a quem partiu .

17 de junho de 2011

Um copo com gelo .

Eu só precisava de uma dose daquele velho uísque, só isso.
- Garçom?
- Sim?
- Me traz aquele uísque de sempre, mas dessa vez não coloque gelo.
Fiquei pensando até que horas esperaria que ela entrasse na porta do bar e dissesse que me ama, sem medo de ser feliz, sem medo de ser minha. Eu não bati nela por querer, a garrafa de uísque estava na minha mão, então, não foi por covardia, eu agi sem pensar, foi no momento, eu não tive intenção de fazer isso com ela, eu a amo, quer dizer, eu mais que amo, ela é minha vida. Talvez se ela não falasse tanto sobre o meu passado, isso não acontecesse. Ela insistia em saber de tudo, pra que ela precisa saber o que aconteceu com meus pais? Eles foram assassinados por alguém desconhecido, mas ela sempre tinha medo de olhar nos meus olhos, quando eu dizia isso. Parei depois de tudo o que fiz com ela e implorei perdão, mas ela não respirava, sua cabeça sangrava, mas eu limpei, eu tirei todos os vidros que estavam dentro dos seus cabelos, mas ela não queria me olhar, ela ficou olhando pra um ponto fixo no teto, ela estava no chão, mas a pancada não foi tão forte, ela não podia ficar com tanta raiva. O corte havia sido profundo, mas ela daria um jeito nisso, ela era enfermeira, ela mesma faria o curativo, assim que ela despertasse, ela cuidaria. Ela não queria falar comigo, então, saí e a deixei lá. O tempo passa tão devagar, ela não virá, até o garçom estranhou ela não ter chegado, ele sempre nos via aqui, ela vinha toda séria e sempre atrasada, ele a viu com o olho inchado, da última vez, mas ela havia levado uma queda. Eu estou ficando viciado nesse uísque, mas não estou cansado e também não quero ir pra casa, não vou dar o braço a torcer, ela deve estar do mesmo jeito que deixei, sem nem se mexer, eu limpei o rosto dela, implorei perdão, mas ela não deve ter me perdoado, lembro dos olhos fixos no teto, estranho isso, ela nunca havia ficado tanto tempo parada. Resolvo caminhar um pouco, ando ao redor do prédio, e vejo o carro da polícia, mas ela não deve ter dito nada, deve ter sido a vizinha. Volto pra o bar.
- Garçom?
- Sim?
- Um copo de uísque, mas dessa vez quero num copo com gelo, muito gelo!
Alguns minutos depois chega um rapaz me chama lá na porta do bar, estranhei o terno dele, ainda mais pelo horário. Vou até ele e pergunto o que ele deseja. De forma tranqüila o rapaz me olha nos olhos e diz:
- O senhor está preso pelo assassinato da sua esposa.
Olhando para baixo, deixei que ele me algemasse, ela não ligou pra polícia, mas a vizinha deve ter ligado, ela sempre olhava estranho pra mim, infelizmente esqueci-me de inventar um desconhecido. Desta vez vou preso, mas quando sair, ela vai ser a próxima vítima.

15 de junho de 2011

Utopia desconexa .

Sinto saudade de um tempo sem nexo,
saudade de um tempo inexistente,
saudade de um momento imaginado,
saudade de algo que não aconteceu.

Por falar em acontecer,
sinto saudade também do que estava,
sinto falta de algo que me interessava,
isso não existiu.

Já viveu uma mentira?
Então não sabe o que é viver,
vivo uma mentira durante anos,
e que mentira longa,
minha idade não permite mais contá-la,
mas minha dor me permite lembrar.

Sinto saudade de tudo:
da verdade que se escondeu,
do coração que não bateu,
de uma história que alguém contou,
de um ânimo que desanimou
e de tudo que jamais voltará.

9 de junho de 2011

Pare por aqui .

Deito minha cabeça no travesseiro e os meus sentimentos transbordam
Entre risos e lágrimas, estou aqui mais uma vez.
Não faz sentido continuar com uma angústia que não passa,
Essa nostalgia que me laça e traça um destino que eu não quis.
Olham e acham que estou feliz, mas não estou.
E no meu choro sinto a amargura e esta amargura não sai de mim,
Por favor, vá embora, eu não quero mais você junto
Meu coração pulsa em um lugar inabitado, e eu atraio você,
Peço que você chegue e me refreie como sempre fez,
E desta vez que dure mais de um momento.
Não, não atue como se isso fosse episódio, porque é mais do que presumi.
E desta vez prometo ser pra sempre, eu e você uma visão só
Sonhei que éramos um, mas você não está em lugar algum
E novamente me faço em pó.
Minha garganta faz um nó e eu lembro o mal que me fez,
Atinge bem intensamente desta vez.
Pare por aqui
Eu não quero mais você em mim.