20 de abril de 2011

Afasta-me de mim

Habita em mim um silêncio que grita por alguém, que me consome.
Ele só lateja dentro de mim, me ensurdece.
Ensurdecido, desfaço meus erros, disfarço o meu olhar, meu foco.
Sem apelos, escondo minhas vontades, meus gostos, minha emoção.
Silêncio! Não quero ouvir nada que venha de você.
Silencio a mim, silencio o meu ser.
Chega! Finalize tudo isso! Livra-me daqui!
Mate-me, alivie-me, afaste-me de mim.
O meu cálice grita por um pouco de atenção.
Meus olhos pedem socorro, anseiam por uma saída.
Essa dor que me tira a vida,
Ninguém me enxerga,
Ninguém me percebe,
Ninguém me vê.
Ora caminho curto, ora um longo caminho a percorrer.
Escuridão, não há uma luz no fim deste caminho.
Não, eu não quero que me ajudem; ajudarei-me sozinho.
Encolho-me como um feto e não há movimento algum,
Mas meu coração pulsa, chama, chora, geme, e eu o emudeço.
Então, me enrijeço, enlouqueço, afasto-me de mim.
Não, eu não quero que me amparem, não quero amor e nem perdão.
Livre-me deste cálice, desta dor, da depressão.
Livre-me de mim antes que eu faça isso.
Não me julgo são para estar à beira do precipício.

13 de abril de 2011

O tempo que for .

"Será que posso explicar o que aconteceu?"

Assim começava a carta, mas Lucy não fazia questão de ler o restante, então rasgou a carta sem ao menos saber a explicação, ela ainda estava com raiva por seu namorado Caio ter saído com sua amiga Dasy ontem a noite, mas a amiga prometera não fazer nada demais.
- Sim, mas não queria que você saísse com ele, você sabe que sou ciumenta! - mas Dasy estava muito animada pra sair com ele, ora, o que teria demais sair com um amigo? - Ah, não acredito que ele ousa me mandar uma carta, são 6 anos de namoro, e ele sai com minha melhor amiga, o pior é que ela aceita, não vou mais olhar na cara dessa cínica, não suporto o fato dela ter saído com o homem da minha vida, sim da MINHA VIDA!

Então, passou-se uma semana, ela pediria suas férias do banco, Caio mandava cartas todos os dias pra Lucy, ligava, ia na casa dela, mas ela resolveu passar um mês em outra cidade, e assim o fez. Na volta, dentro ônibus conheceu um rapaz, cujo nome não foi dito, nem perguntado, mas conversou muito com esse rapaz, então ele a fez perceber que tudo isso era infantil, que ela deveria estar perto do namorado dela, e conversar com ele pra mostrar as falhas, os erros, o que ele não devia e o que deve fazer, disse-lhe em segredo:
- Os homens dizem que não, mas gostam de ser conduzidos pela mulher, principalmente num relacionamento, os homens só conduzem na dança, no resto, vocês mandam, até sem querer!

Isso a fez pensar durante a viagem inteira, são 5 horas de viagem, e o homem havia descido após dizer esta frase, ela nem se preocupou em perguntar o nome dele, só imaginava como seria chegar até Caio e dizer o quanto o ama. Então, a noite chegara, e ela estava ouvindo a música deles dois "Mais uma vez - Jota Quest", sempre que brigavam, eles cantavam essa música, descrevia totalmente o relacionamento deles dois. Lucy agora com os olhos cheios de lágrimas, percebe o quanto Caio a fez crescer, amadurecer e mudar pra melhor e tudo o que ele fez por ela, todos os sacrifícios, em 6 anos de relacionamento, eles pareciam perfeitos.

Ao chegar na cidade, foi correndo pra casa de Caio, e o viu beijando Dasy, ela ficou em choque, partiu pra cima da amiga, e não pensou em mais nada, só queria bater nela, então, Caio afastou Lucy e a mandou ir embora, olhando diretamente nos olhos dela, Lucy obedeceu, sua casa era do outro lado da rua, ela foi, de cabeça baixa e de longe ouviu caio gritar:
- Você me deixou por um mês, me ignorou por um mês, eu não iria esperar até quando você me quisesse de novo!

Ela nem se quer olhou pra trás, entrou correndo em casa, aos 26 anos já morava sozinha, então, começou a chorar compulsivamente, como se fosse uma criança, depois recebeu uma ligação do seu chefe, dizendo que ela tem mais uma semana de férias, por conta das horas extras que ela fez no banco, ela até ficou feliz, não chegaria na segunda - feira com uma cara de choro, então, saiu de casa, e foi ao mercadinho comprar muito sorvete e comida enlatada, essa semana ela tiraria uma folga de tudo, até da dieta. Então, passou-se uma semana e voltou tudo ao normal, o seu trabalho a ajudaria a esquecer um pouco disso tudo, desta vez ela ficaria até o mais tarde possível, e quando chegasse em casa estudaria, ocuparia a cabeça.

Todos os dias saía mais cedo pra não olhar o Caio ir trabalhar e ela não imaginava que ele estava na janela, olhando pra sua casa, esperando vê-la. 
Passaram-se dois anos e então, a sua música tocara no rádio, ela sempre ouvia, mas escondia de todo mundo que queria que ele voltasse, dois longos anos e ele ainda a amava, dois longos anos e ela ainda o amava. Caio e Dasy haviam terminado há um tempo, não tinham nada muito sério, apenas um relacionamento aberto, mas Caio só ficava com Lucy, em pensamento, mas ficava. 

Lucy estava na porta de casa, cuidando das suas flores, então, finalmente viu Caio, moravam em frente, mas ela sabia o evitar, sabia bem a rotina dele, então, neste dia ele fez diferente, chegou até ela e falou:
- Quando saí com Dasy, nós fomos escolher um presente pra você, durante esses dois anos eu nunca sofri tanto, mas tive tanta raiva de você, porque você fugiu? Porque não conversou comigo? Hoje, nossa música tocou, desta vez, ouvi bem alto, queria que você soubesse que eu ainda te amo ..
- Eu também estava ouvindo! - disse Lucy.
- Lucy, foi esse presente que fomos comprar pra você - tirando uma caixinha do bolso e abrindo - fui comprar um anel, iria pedir você em casamento!
Lucy começou a chorar, não conseguia mais falar ...
- E depois desses dois anos sem você, meu amor só cresceu, nunca deixei de te amar, estava com Dasy por raiva, por orgulho, mas só queria você!
- Então, porque você não veio falar comigo? 
- Eu não queria, eu não queria deixar meu orgulho de lado ... erro meu!
- Caio, eu te amo!
- Lucy, hoje faríamos 8 anos juntos, de um longo relaciomento, que só você e eu sabemos o quanto foi maravilhoso, o quanto fizemos e construímos juntos.
- É, eu sei - disse com lágrimas nos olhos, estas ardiam, pareciam ferver em seus pequenos olhos castanhos .
- Então, neste dia, logo neste dia - ele começou a se ajoelhar - Lucy Franco Feitosa, você quer se casar comigo?
Então, Lucy limpou suas lágrimas, apenas olhou para o Caio, e colocou suas mãos nos ombros dele, pedindo de forma silenciosa pra ele se levantar, estendeu sua mão e ele colocou o anel, então ela colou sua mão em volta do pescoço dele e o beijou, então depois o olhou profundamente e disse:
- Sim, eu quero passar o resto da minha vida com você! 

12 de abril de 2011

Quero estar onde já estive .

Acordei e percebi como sou e o que quero.
Gosto do que não foi planejado,
gosto do que não é combinado.
Gosto do espontâneo.
Ele me doma,
me toca,
me tem, 
me transforma,
me assume,
me esconde,
me arranha,
me assanha. 
Me torna menina,
me faz mulher.
Gosto do que não é premeditado,
gosto de fazer sem imaginar,
gosto de ter idéias sem muito pensar,
gosto de tudo que acontece repentinamente,
gosto de você, gosto de mim, gosto da gente.

Ah, é tão doce esse sintoma que sinto,
essa saudade da espontaneidade
desse seu carinho infindo.
Detalhes me atraem, me divertem, 
me tornam outra pessoa:
um alguém mais livre.
Hoje, quero naturalidade.
Hoje, quero estar onde já estive.

9 de abril de 2011

Frase do dia:

" E no coração há mais um desvendar, do que um perceber."

8 de abril de 2011

Falta-me

Estarei eu, uma ousada amante do escrever, vazia?
Falta-me inspiração, querer, desejar?
Não, não tente me fazer, me desfazer, me refazer.
Estou sem inspiração, sem vontade, sem querer.
Ah, uma vã amadora, sem saber o que escrever?
Isto agora me parece normal.
Uma amadora tem destes dias.
Ora, ora meu caro leitor, para quê tanta pressa?
Estou vazia, lembra-se? Não há uma razão!
Estou tentando procurar inspirações, livros, poesias e até canções.
Essa vida literária tão imprecisa, tão disfarçada!
Estou vazia, lembra-se? Acho que a escrita não mais me deixa enamorada.