Passam os dias e continuo parada aqui em frente ao meu computador olhando fotos suas, olhando fotos minhas, olhando fotos nossas. Estou aqui parada me perguntando por qual razão não fiquei com você, por qual razão tive que te perder pra alguém que não te ama tanto quanto eu te amo... Pego meu cigarro, dou uma última tragada. A tosse compulsiva inicia - droga, tenho que parar de me envenenar -. Vou até a cozinha pegar a coca-cola que comprei logo cedo e encho o meu copo. Não me satisfaço. Levo a garrafa pra o quarto, sento em meu computador e encho-me como uma criança se esbaldando em chocolate. Pela primeira vez, após a sua partida, estou triste e derramando as mesmas lágrimas - pareço um bebê sem mãe, mas não ligo -. Estou sozinha em casa, posso fazer o que quero! Então, decido chorar e pôr as músicas que me lembram você, todas elas. Novamente me embriago com seu perfume, sua voz e suas fotos, mas não posso ter você aqui perto. Pego o telefone e ligo pra você - número inibido, é claro -. Após chamar algumas vezes, você atende com aquela voz rude, que me tira o bom humor, e diz:
- O que é?
Me pergunto se você sabe que sou eu quem está ligando pelo jeito que fala. Deve saber, deve ter a idéia de que sou eu. Desligo o telefone, me sento, aumento o som, coloco os fones, deito minha cabeça sobre a escrivaninha e me jogo nessas tristezas infindas. Desenho um coração e, inconscientemente, escrevo seu nome dentro dele. "Mas que droga estou fazendo comigo mesma?". Choro até soluçar, pareço me afogar nas mágoas que ainda tenho.
Tiro os fones, me deito na cama e tento dormir. Meu telefone toca. É você. "Acho que dessa vez ele descobriu", penso.
- Alô? - Eu digo.
- Você ligou pra mim. Por que não falou nada?
- Eu precisava ouvir sua voz, somente isso!
- É, mas estou ocupado.
- É, mais uma vez sou deixada pra trás. Adeus!
Desligo telefone. Após alguns minutos, recebo uma mensagem dele: "Quero te ver". Mando outra: "Quando?". Você responde: "Falo com você depois".
Pertenço a ele, não me critiquem, o quero mesmo assim.