31 de outubro de 2011

Não pertenço a ninguém .

Não fui feita pra pertencer a alguém, pertenço a mim mesma, e isso é o que tem me bastado por um longo tempo. Sinto-me mais forte, até um pouco feliz, mas não preciso pertencer. Na verdade, o verbo “pertencer” não é muito usado em meu vocabulário, muito menos os pronomes possessivos, estes eu não uso, não quero que ninguém me pertença, todos estão livres para ir e até voltar. Dizem que quando eles voltam, é porque são nossos, mas acho que se fossem nossos, eles não partiriam, não é? Afinal, porque se precisa tanto de palavras fortes pra sentir que é seu? Eu me sinto melhor comigo mesma, confesso que tive medo de ficar sozinha, mas hoje, me sinto melhor comigo mesma, posso olhar-me no espelho e ver quem sou, comparando com quem eu era, e desde antes não pertenço a ninguém, e ainda não desejei pertencer. Tive momentos que estive com alguém, prestes a pertencer, mas não sou de permanecer tão perto a ponto de não mais me querer, eu me quero, me quero muito, não estou tão disposta a me dar a alguém que nem se mostrou feliz por me ter, aliás, ninguém me teve tão perto, a ponto de usar os possessivos, afinal, para que eles servem mesmo? São apenas denominações de um desejo insano das pessoas que não querem a si mesmas, das pessoas que querem outras pessoas. Eu, sim, eu ainda me quero. E não me arrependo de ter quase pertencido, mas permaneço aqui, não sou de ninguém e me sinto feliz.

26 de outubro de 2011

Morfina .

Eu esperei você me acordar. Eu esperei, juro! Preparei o despertador, e fiquei inquieta pela sua chegada. Preparei meu coração, fiquei apreensiva, mas eu sabia que você viria me acordar, então aguardei. Confesso que não consegui adormecer, nem um pouco, mas pelo menos tentei. Percebi que as horas passaram e você não veio, então, voltei o relógio, e percebi que o dia ainda assim as horas passavam. Mudei o calendário, mas ele também fazia com que o dia amanhecesse. Fechei todas as cortinas, e deixei que o quarto escuro, me deitei novamente e me forcei a acreditar que o dia não tinha chegado, mas mesmo assim você não veio. Em lágrimas não ousei levantar da cama, eu não mais sentia o pulsar do meu coração, nem mesmo a minha respiração, eu estava totalmente asfixiada nas minhas amaldiçoadas lembranças inventadas. E tentava dormir, queria dormir, queria acordar, queria acordar dessa alucinação tão cruel, queria acordar desse devaneio maldito e fingir que não existiu, que tudo o que estava acontecendo era apenas um pesadelo, mas todas minhas tentativas foram vãs. Enfim me levanto, as horas haviam passado, e a realidade permanecia a mesma. Notei que você não viria mais, que você não iria me acordar no dia do meu aniversário. Eu percebi que você havia me eliminado do seu interior, que havia me deixado, me tirado, você havia me consumido. Eu decidi acabar com meu lado emocional, eu decidi acabar com essas mentiras que ainda me torturavam, e com morfina me despedi de todas as dores. Eu, finalmente, te matei dentro de mim.

24 de outubro de 2011

Uma sensação só minha .


Uma sensação somente minha, mesmo que eu tente expressar, jamais será entendida, porque é só minha. Minhas pernas estremecem, meu coração dispara e eu não posso controlar nada disso, porque é uma sensação só minha. E quando seus olhos se encontram nos meus, eu sinto uma vontade de gritar, dizer que desejo cada momento com você, e tento explicar o que sinto, mas essa sensação é só minha. Seus lábios tocam os meus e posso sentir a insanidade me tomar, posso sentir você, e seu cheiro transpassando todos os limites, e essa sensação é só minha. E todos os meus sentidos se distorcem, eu não controlo, eu não sou dona de mim. Minhas mãos tocam sua nuca, seus braços entrelaçam minha cintura, e quando estamos juntos, posso sentir que somos um, e essa sensação me toma, me toca, me tem. Retendo todo o meu corpo, retendo até a minha alma, e me prendo aos seus sorrisos, me perco em seus braços, porque seus abraços vão me transportar. Nada pode tirar o que estou sentindo, cada olhar, cada beijo, cada palavra. Mesmo que qualidades afastem e os defeitos aproximem, essa sensação vai ser só minha, porque posso imaginar cada ação, cada jeito, cada gesto seu. Porque eu sinto cada pulsar do seu coração, e essa sensação, meu amor, é só minha.

22 de outubro de 2011

Silêncio .

O problema é que nunca ouço sua voz, o problema maior é esse, você silencia quando mais preciso ouvir seu som, nem que seja um sussurro fazendo com que eu fique extasiada imaginando que eu não fiz nada que preste, prefiro ouvir seus olhos me mostrarem que minhas escolhas foram erradas e incertas. Mas você silencia, e isso me irrita, e mesmo assim você emudece como se fosse algo comum, e no fim, eu me sinto tão errada, tão errada que parece que foi opção minha ser assim. Então, olho nos seus olhos e já não sinto o que sentia, e onde está o erro? Onde foi que eu falhei pra causar isso? Seu silêncio me corrói, tanto quanto um ácido ao cair numa folha de papel, parece que o seu sigilo vira faca e corta meus pensamentos, me causando dor física, e eu já não controlo as palavras que você não vai dizer. Seu silêncio me machuca, mas por algum motivo me prende, não é curiosidade, nem amor, seu silêncio apenas me prende, como se eu nunca mais pudesse ouví-lo. Porque cada encontro nosso é uma partida sua. Seu silêncio cala meu coração que pede ajuda.

15 de outubro de 2011

Castelo de Areia .

Eu construí um castelo com imagens suas,
Pra jamais perder a sua essência, o seu jeito de ser
Porque todas suas palavras construíram meu castelo de areia
E eu afasto-me do mar pra não desmanchá-lo.

E todos os meus sonhos continuam os mesmos
Porque sei que dentro dos seus olhos existe uma luz,
E nesta luz ponho toda minha fé, porque sei que você regressará
Com seu sorriso contagiante, fazendo meu coração vincular os pedaços.

E dentro de mim não há mais alegria, mesmo que meu sorriso brote,
Não importa o quanto estejam ao meu lado, eu estou só,
Porque sem a sua presença, sou metade de tudo que imaginei ser,
Porque na sua falta, eu aprendi a me proteger com as lembranças.

E estas lembranças se rompem quando vejo que você não tá feliz,
Porque sei que todas as suas esperanças se desfizeram,
Mas acredito que minha fé vai te salvar,
Te darei a minha salvação, porque sou assim,
Mesmo que todos falem que não posso, eu darei meu jeito.

Mesmo que todos digam que é loucura, que não há perdão,
Meu coração clama pelo seu sorriso, e entrega-se a uma lembrança perdida,
Percebo que só olho para os caminhos de onde você não virá,
Só que sei que ainda tenho minha fé, e minha fé te salvará.

9 de outubro de 2011

Martírio pelo tempo .

De minha história és o majestoso pioneiro,
Com o movimento contínuo dos seus ponteiros,
Atenuando as dores quotidianas...
Conserva, revela e substitui
O que momentaneamente não flui
Com sua analogia as sensações humanas!


Desperta-me para uma realidade infundada
Me faz temer um amanhã não previsto
Me dá um medo em pensar que fiquei distraída
E me perdi no seu imprevisto
Fazendo de mim apenas uma inexperiente
Deixando meu sorriso menos contente
Afetando meu coração tão machucado


Imponderabilíssimo segundo inacabado...
Também torna a saudade um fardo,
Por ampliar esse doloroso sentimento...
Tornando a falta, FALTA;
Transformando a ausência em AUSÊNCIA...
Em todas as notas do vagaroso instrumento.


Mas quando passas me olhas nos olhos
Desfazendo meus planos de fugir de você
Assim também faz com as feridas,
Que se curam ao te ver.
Eis que é o dono da minha vida,
Ora vejo a sua hora, ora em hora eu vejo você.


Trás consigo todos os minutos tolos,
Fadados a abrir os inúmeros rolos
Que minha pele obnubilada quer ignorar
Separações, tragédias e finais...
Se perderem entre as suas vogais,
Fazendo sua consoante chorar!


E minhas lágrimas já não pedem tempo
Elas preferem se mostrar da forma mais dolorosa
E você olhando nos meus olhos me afronta
Porque sei que nunca vou estar pronta pra te pedir mais tempo
E meu coração tão desatento, já sabe que você passou
E por mais que eu peça pra você agir,
Ainda mais sinto em mim essa imensa dor.


Lágrimas secas pelas horas passadas
Girando em torno de um infinitivo perpétuo
Abstrato ao seu pretérito imperfeito
E todas as outras coisas que nos obrigam estudar
Não finda, não cessa e não pausa
Existe a eternidade em nossos corações!


Segundos, minutos, horas e dias
Seus afazeres são vagos e suas vozes são frias!
Sou o ponto final dos argumentos
Entre o eterno escrever!



(S. L. Schiapim e Luara Potiguara)

2 de outubro de 2011

O indefinido se definiu .

Você ousou me criar e emendar os defeitos em mim
Arriscou me desfazer e construir uma imagem para si.
Nunca tive os atributos que me deu,
Nunca irei cumprir o que prometi,
Mas não sou nada além do que realmente deve enxergar agora.

Ainda há chuva lá fora, e minha camuflagem sumiu,
Não, você realmente nunca me viu.
E nem ao menos consegue distinguir o quão fraca eu sou,
Nem consegue entender que sou inabilitada para ir, para levantar vôo,
Mas você ainda não mira o meu lado hostil.

Pare! Não se iluda, eu não sou feita de cristal.
Eu não quebro, eu não sou de porcelana, não sou nenhuma boneca.
Você inventou para si mesmo uma imagem tão trapaceira, que hoje só pode vê-la.
Ver-me, então, enxerga-me como sou.
Sem camuflagem, sem plano, sem qualidade, sem som.

Entenda que nunca fui a flor do seu jardim,
Entenda que o meu indefinido se definiu assim,
Sou incapaz de amar alguém, sou incapaz de querer tão bem,
Agora sozinha posso enxergar, e a minha face me apavora,
Ainda há chuva lá fora.
E é a chuva que me tranca aqui, e eu realmente não quero surgir.