29 de março de 2011

Minhas, somente minhas escolhas

Em meu lugar, encontro-me desistente.
Já não importa mais quem sou.
Em meu lugar, estou descontente.
Pergunto-me qual valor há no amor.

O problema é o se entregar, o querer e o se dar.
Verbos que me fazem debulhar em lágrimas.
E o meu ser, a beira do precipício, insiste em voar.

Coração, prometo-lhe nunca mais te machucar.

Depois de tantas tentativas,
[todas inúteis]
depois de tanta confiança,
[palavras fúteis]
torno-me eu.
Apenas um ser, sem amor, sem classificação.
Sou um vírus sem especificação.
Divido a parte de mim machucada
com a parte que quer ser curada.
Dentre essas duas, uma foi amada.
A outra busca aprender sobre o amar.

Minha escolha será somente uma.
Não poderei mais me conter.
Em meu mundo solitário que se inunda,
é melhor escolher a que quer aprender.

Eu seria melhor sem amor, porém sem nexo.

18 de março de 2011

Tempo .

Tempo que abusa de mim, 
me toma pela mão e me puxa com toda sua força.
Tempo que me maltrata,
tempo que me enche de saudade,
tempo que se faz maldição,
tempo que se faz rendição,
tempo que se faz tempo.
Tempo que me perde,
tempo que me ganha,
tempo que dá tempo,
tempo que desfaz.


Olha tempo, vou te deixar pra trás!



17 de março de 2011

Inóspito .

Este é meu coração.
Frio, quieto, silenciado.
Este é o meu coração.
Calmo, sozinho, em sono profundo.
Este é o meu coração.
Em total desalento, não quer mais os motivos.
Este é meu coração.
Ambiente inóspito.
Pedaço de mim, metade de você .

9 de março de 2011

Quieto .




Aquiete-se coração, 
jamais voltarei a ouvir teu pulsar.
Aquiete-se coração,
deixa-me viver uma folia particular.







8 de março de 2011

Na minha morte .

Quieta em meu canto, já não tenho mais o que falar.
Não necessita-se de palavras, muito menos de sentimentos.
Tudo o que preciso é do silêncio... Este me possui.
Desde então, me aquieto e nada mais profiro.
Minhas lágrimas tornam-se acalanto.
Já não há mais motivos para saber quem sou.
O silêncio me abraça, me protege.
Em meus desafios, sou perdedora!
Não pense que descobrirá os meus problemas,
Não tente.
Desafiando - mais uma vez - o "quem sou eu", descubro-me imbecil.
Na minha loucura singela, sou criança.
Na minha insanidade discreta, sou pobre... Uma vã atriz.
Não julgue minhas palavras de forma vulgar ou sem sentido.
Aquilo que se cala dentro de mim é o que grita ao seu ouvido.
Em meu silêncio, deito-me com a morte.
Ela olha em meus olhos jurando nunca mais me deixar.

4 de março de 2011

Roleta Russa

Chegou minha vez, e não vou ceder. Não vou pensar. Com a arma nas mãos me sinto seguro, até estranho a sensação. Mas eu gosto - e gosto muito - disso. Imaginando quem será minha vítima, meus amigos sorriem, não acham que vou acertar. Jogam um dado para cima. Ao invés de números, tem partes do corpo que posso atingir. Quando o dado cai na mesa, a escolha foi fácil. Tenho que atingir a palma da mão. Agora, vou até os papéis pra sortear minha vítima. Se sair meu nome, terei que dar a arma a pessoa que mais confio e me colocar no alvo. As mãos querem tremer, mas mantenho-me concentrado. Ao colocar a mão na caixa, tiro o papel mais enrolado. Ao puxá-lo, não me surpreendo. Meu nome estava escrito nele. Dentre cinco pessoas, escolho alguém de minha confiança. Collin. O conheço há 10 anos. Ele ficou sério, não queria que o escolhesse, mas ele sabia que eu o escolheria. Passo a arma para ele. Ainda estou seguro, quieto. Collin me olha nos olhos, e eu apenas aceno com a cabeça, passando confiança para ele. Encostado na parede, posição de "redenção", olho fixamente para o cano da arma, levanto o braço e o coloco no alvo. Fecho os olhos e me mantenho sério, ao contrário dos meus amigos que sorriem, sabendo que Collin acertará. Ele gira o tambor da arma, encaixando-a sem nem olhar para mim ou para a arma. Ele estava fisicamente ali, mas não emocionalmente. Colocando o dedo no gatilho, Collin dispara a arma. Desta vez, eu ganhei. Respiro normalmente, olho nos olhos de Collin e digo sem piscar. “Roleta Russa”.

Vidro Fumê .

São 4h horas e não consigo domir. Meu celular toca e, dessa vez, eu corro desesperada para atender. "Número desconhecido", quem será que me liga a essa hora? Ao atender, ouço somente uma respiração seguida de um "alô" quase sussurrado. É você. Meu coração dispara, parece me machucar. Abraço o travesseiro porque sinto que ele bate tão forte, que você poderá ouvir. Eu digo, de uma forma quase fria:
- Oi, aconteceu algo?
- Sim, aconteceu!
- O que?
- Percebi que estou sem você! 
Silencio. Era tudo o que eu queria ouvir, mas não acreditava que sairia da sua boca de uma forma tão sincera, aparentemente.
- Preciso te ver, por favor. Eu te imploro.
- Olha J., eu não sei se isso vai terminar bem, você não pode ficar brincando assim.
- Eu não brincaria com alguém que amo.
- Onde você quer me ver?
- Vamos caminhar na praia?
- Pode ser. Que horas?
- Eu te pego na sua casa, afinal, pela manhã não tem ninguém aí não é?
- Então vou te esperar. Até amanhã.

Se eu não estava conseguindo dormir, pode imaginar após sua ligação? Meus olhos lacrimejavam ao imaginar nossas mãos finalmente cruzadas, traçando nosso caminho na praia e, talvez, em qualquer outro lugar.
Amanhece. Às 8h, você me manda uma mensagem, avisando que chegará em menos de cinco minutos. Ansiosa, já estou pronta e com tudo arrumado. Devagar, seu carro para na porta. Notei que você colocou vidros fumê. "Por que esse mistério?". Você desce o vidro do banco do carona, olha pra mim todo sorridente e me chama. Tento ficar séria, mas a tentativa é vã. Entro no carro, e você me cumprimenta. Segura meu queixo e me beija. Apenas correspondo. Sem graça, eu te digo para se apressar. Não quero que os vizinhos comentem depois.
Chegando na praia, você segura minha mão. Caminhamos como namorados. Parece um sonho. Tudo ocorrendo bem, da forma que eu sonhei. Você me segura pela cintura, me abraça e, baixinho no meu ouvido, diz que me ama e que nunca me esquecerá. Tento entender a frase, mas você me beija e desta vez eu não queria pensar em nada. Sinto que será nosso último beijo. Ficamos tanto tempo lá, segredos que só o mar e nós saberemos. Após alguns minutos, você olha em meus olhos e diz:
- Ellen está grávida, e o pai dela disse que ela deve casar.
Ellen, sua namorada, parece que ainda existe... e eu perderei você.
- Hã? Então porque você fez esse dia se tornar tão ... 
Você não permite que termine a frase, e diz:
- Eu te amo. Eu te amo muito, e tinha que me despedir de você porque casarei amanhã.
Sem fôlego, perco o chão. Sem jeito, tento pensar, mas não consigo. Todas as cenas inundam a minha cabeça, e eu não consigo falar nada, apenas te ouvir.
- Casarei com ela amanhã e vou morar na cidade do pai dela que fica a mil quilômetros daqui. Mas deixarei com você o meu coração.

Mando você ir embora. Sem pensar em mais nada, eu pego um táxi e peço pra me deixar no parque. Me deito na grama e começo a pensar. "Eu te perdi".
Você me liga desesperado, perguntando onde estou. Decido fazer esse dia terminar totalmente bem. Mesmo sabendo que seria o nosso último dia, mando você ir até o parque. Passamos os dias juntos. Celulares desligados. Somente nós dois. 
Conversamos, nos divertimos e fizemos tudo que devíamos fazer, como se nada fosse acontecer amanhã. No carro, o último adeus. Minhas lágrimas caem, e as suas também. Mas dou um último sorriso alegre, e você também. Um mês depois recebo uma ligação da sua mãe me informando que você havia falecido devido a um câncer que não queria que eu soubesse. Você não queria me ver sofrer. Ela me diz que você havia deixado cartas, fotos, tudo de nós dois numa caixa, e que eu deveria ir buscar...
Nesse momento, paro e percebo. Eu realmente te perdi
Silenciando minha voz, meu coração e minha vida, escrevo na parede do seu quarto:
"28/05/2001. Será eternamente nosso segredo."

Insegurança segura .

Envolva-me como se fôssemos um, como se nunca mais houvesse motivo para separação.
Envolva-me como a minha escrita, afagando-me com papéis que me tornam uma escritora tão fanática por amor.

Estranhe-me e não deixe que eu me jogue ou me perca.
Estranhe-me e não permita que eu tenha uma vida inacabada.
Não disfarce esse seu olhar, afinal, sei o que você quer.

Esse coração tão machucado ainda insiste em resistir, mas a razão diz apressadamente que é melhor parar aqui.
Já não faz sentido amar ou não amar; quero apenas me envolver.
Sentimentos logo chegarão, aí poderemos discutir o que acontecerá.

Somente neste momento, quero me perder um pouco, me deixar fazer, me deixar querer, sem motivo algum.
Agora, quero estar contigo, te chamar de amigo ou algo parecido com aquilo que você vai se tornar.

Não, não há razão para olhar pra trás.
Você também se machucou muito, mas não vou prometer cuidar de você.
Não, não tenha medo; vamos nos entregar e, neste quarto escuro, jamais saberão o que aconteceu.

Na minha insegurança, posso estar segura.
Em seus olhos castanhos, vejo toda a amargura.
Não tenha medo do que acontecerá, estamos sós!
Ninguém atrapalhará.
Vem sem medo, que eu te ensino como se envolver, 
Sem se machucar .

1 de março de 2011

Estranhamente meu.

Depois de uma noite de briga, a madrugada veio nos acalmar. Em seus braços, ganho beijos que me fazem dormir. Entre carinhos e palavras, você se mostra totalmente meu, sem inibição alguma, sem medo. Mostra-se livre pra dizer tudo aquilo que não dissemos em outros instantes, em outras lembranças. Agora, sou totalmente sua. Você se cala e somente olha em meus olhos. E nos seus, vejo indagações que criei, vejo certezas que dei e negações que afirmei. Você sorri, confirmando que sempre estará por perto. Nos comunicamos por nossos olhares, e isso mostra que você é estranhamente meu. A madrugada se espreguiça, e a manhã logo chegará. Então, em meus sonhos, te guardo e prometo ir te buscar.