E mais uma vez a minha alma se desfaz em pedaços,
em pequenos cacos de vidro tão fino e fraco que já não consigo mais juntar,
os pedaços que andam ao meu redor, os pedaços que ficam no meu caminho,
os pedaços que me avisam que irão, e os pedaços que os outros deixaram e deixarão.
Eu estou em pedaços.
Uma vida que se vai, uma vida que é levada,
uma dor de uma humanidade desgarrada, uma marca na pele que queima,
as lágrimas nos olhos que escorrem e traduzem o meu despedaçar.
Entre soluços e gritos, gemidos e arranhões a minha alma se desfaz mais uma vez,
e eu sinto cada milésimo de segundo e cada despedaçar.
É mais um dia que minha essência se quebra, minha dor grita,
minha vida se torna tão pequena e obsoleta que eu já não entendo a liberdade das borboletas,
as nuvens se juntam e ficam tão pesadas que parecem querer sucumbir,
mas sou apenas eu sucumbindo em dores que sou avisada e silenciada.
A minha herança me machuca, me reconstrói, mas me destrói,
a minha herança me fala que pra construir uma casa melhor, é preciso quebrar,
mas não me prepara para sentir tanta dor e angústia nessa manhã tão
cinza e triste.
A tempestade de sentir, de ver, de ser e de ir.
Ainda estou aqui juntando fragmentos do meu ser,
ainda estou aqui sentindo dores por mim e dores por você.