23 de março de 2019

Tênue

E a menina desenha as marcas que traçam seus pulsos e braços,
passado que se passa num presente tão dolorido e cruel.
A menina que tem um choro amargo, uma dor aguda e uma intensidade sem igual,
olha para o céu e pede atenção, pede um pequeno sinal, ela quer ter novas coisas para dizer.

Em sua pequena fortaleza se isola de tudo o que já lhe machucou,
e mesmo em prantos internos, ela sorrir o seu exterior e enche um pouco os vasos tão vazios que circundam o seu meio.
E no meio do seu coração uma cicatriz tão profunda que lhe afunda em sentimentos sombrios e ansiedades tão vagarosas e tardias que paralisam, aceleram e tantas contradições que a vida puder lhe oferecer.

A mulher que desejava um arco-íris, passou por tantas tempestades que já não tem mais pressa de viver o clichê, as marcas já não trazem tanta angústia.
E a ansiedade já não lhe afeta mais.
O crescimento de sua felicidade é assustador, um jovem espírito que carrega tanta sabedoria, que ao ver a alegoria de sofrimento trazida pela menina - jaz no passado - apenas lhe traz a certeza que o presente realmente é uma dádiva que está descrita na tão vã e inocente poesia.

E seus pulsos, coração, mente e razão se deixam dominar pela emoção,
pulsam em busca de uma moção que faça o chão se tornar um passo do céu.
Eis que a mulher acena para a menina dando a certeza que as marcas serão apenas detalhes,
tão meros detalhes de todo o amor que ela permitiu sentir,
grandes detalhes que só deixaram a menina com o mais profundo amor.
E em segredo confessa que amar dói, mas algumas dores são apenas impulsos para fortalecer a mulher que habita que naquele pequeno e franzino corpo de menina, que por um momento acreditou que era uma sina ter asas e não voar.
É, menina, hoje és a mulher que sabe quanto dói amar.