E nesses dias sombrios eu ando com tanto medo de mim,
já não me olho mais no espelho, já não espero mais nada.
As pessoas ficaram paradas enquanto eu me segurava sem muita vontade na sacada,
meu corpo pedia socorro, meu coração pedia ajuda, mas tudo estava tão sombrio.
E essa voz tão sussurrada garante que não irá acontecer nada,
que não há nada que se possa fazer para o que vai acontecer,
que não existem mãos para segurar meu coração,
que os desesperos são apenas passageiros de um trem que já partiu.
Não existirá mais nada a fazer nessa situação,
não tem mais onde me colocar, não tem mais porquê continuar,
as chances se acabaram e eu já não sei se quero mais.
Meu corpo está todo dolorido, corroído, moído por esse rolo compressor que a vida se tornou.
E em algum momento eu achei que não estava mais perdida,
mas sempre serei testada e surpreendida pelo que a vida pode fazer comigo.
Eu não posso esperar que as lágrimas convençam meu corpo de ficar,
eu só quero que alguém olhe pra mim e tente me ajudar,
porque essa vida tá acabando comigo.
Estou tão longe do raso, estou tão longe do início,
eu já não tenho mais força para continuar, as peças não se encaixam.
Eu nunca vou me encaixar.
Eu sou apenas um adesivo cinza que segura a embalagem de coloridas massas de modelar.