29 de setembro de 2019

Demasiada.mente

Os cortes se tornaram pequenos ensaios para um dia que a sorte resolva mudar.
Ainda tenho as cicatrizes dos machucados na minha alma, mas ninguém vê,
muitas vezes eu gritei de dor, mas nunca fui ouvida, muitas vezes eu fui chamada de dramática,
ninguém entendia a intensidade que eu amava, que eu sentia, que eu me machucava.
"Pare de se fazer de vítima!", a frase que ecoa na cabeça quando tudo dói.

Traços pequenos, quase retos, quase invisíveis nos pulsos de alguém tão triste,
que ainda existe num passado tão doloroso e cheio de marcas de lágrimas.
Eu ainda estou presa ao que aconteceu lá e hoje eu sei que sempre vou estar.
Eu gritei de dor, ainda sinto o gosto do veneno tomado na primeira dose para acabar com a dor,
mas não passava, eu apenas agonizava sentimentos que ainda me fazem viver ali.

Eu jurei pra mim mesma que não ia tentar de novo, 
mas lá vem os sentimentos descontrolados e os limites sempre ultrapassados por mim,
o carro acelerado, sinais fechados, mas o meu medo havia sumido,
eu queria fazer o mesmo que ele.

Os cortes se tornaram pequenos ensaios para um dia que a sorte resolva mudar.
E eu achando que nunca iria afundar de novo, mas nunca estive no raso,
eu nunca fui tão superficial, vaga, desabitada, desumana,
eu sempre fui muito mais profunda e minha intensidade inunda todo o meu ser.
Agora eu tenho muito mais marcas, muito mais cicatrizes, muito mais desistências
Eu achei que poderia mudar minhas essências, mas fui feita demasiadamente sentimental,
eu juro que não me faço de vítima, mas pra mim o amor sempre será fatal.