6 de julho de 2019

Ser e estar

Sinto um aperto no peito que me tira o sossego em dois segundos de paz,
é como se faltasse o ar, o chão sumisse e tudo se desfizesse em minha coragem de sair.
Em pedaços meu coração me olha e diz que tá tudo bem,
todo mundo se despedaça um pouco antes de se reconstruir.

As escolhas machucam muito, parece que as decisões para amadurecer são facasa pontadas para nossos sonhos e planos que nos obriga a ir por um único caminho.
São medos, devaneios, desistências e saudades que ficam em nosso novo espaço,
e em segredo você sabe que vai ter que deixar partes suas nos lugares que talvez nunca volte.
Ou voltará?

Eu sinto tanta dor, tanta agonia, porque se eu encontrasse minha felicidade questionaria se teria que me partir tanto para conseguir o que acredito ser meu canto,
perguntaria se eu teria que abrir mão do estar para ser,
se a resposta fosse "sim" talvez eu não quisesse essas escolhas para mim.
Ou quereria?

As verdades que aparecem quando mudamos de lar machucam e a dor não cabe em meus braços.
Estou bem, eu prometo, mas me dói ver que estou partindo e que a distância geográfica me despedaça a crença de estar onde queria estar e poder ser ali,
eu não caberia mais em mim.

É que todas as escolhas que me fizeram optar por isso ou por aquilo,
por esses ou aqueles, me fazem querer entender o que é que a vida paga tanto pra ver,
desfazendo sorrisos, deixando a saudade ficar enorme, deixando a dor corroer no âmago,
eu ainda com medo, querendo estar em abraços que me protegiam do mundo, querendo poder conciliar tudo.
Mas ficou tão difícil conciliar, mas se eu pudesse faria um novo verbo que unisse o ser e o estar.

a saudade despedaça, quebra e torna tudo difícil.