28 de dezembro de 2018

As mãos que falam

As mãos esfregando e a recepção do que é bom,
a herança, a ancestralidade, o nome e a fé.
Enquanto ela se permitia ser mensageira e missionária,
eu me permitia conhecê-la e guardar a sua missão.

Em nome, em sangue e em fé sou sua herança,
herdei sua teimosia, persistência ou pode-se dizer determinação.
Um legado de fé, de cuidado, de maternidade e de amor,
ela me deixou pedaços do próprio coração.

Tambores tocam dentro do meu peito,
existe um chamado que deverá ser cumprido,
existe a permissividade de agir como for mais confortável,
a única exigência é que a fé seja acolhedora, como o seu coração era.

Tambores, danças, braços, mãos que se esfregam,
olhos que dizem para persistir, sorrisos e gargalhadas.
Ela me diz em sonho para não temer a minha deixa,
e eu digo em sonho que seguirei suas ordens com todo o amor que me deixou.

Ela não precisou me dizer nada, ela não precisou escrever nada,
ela se foi fisicamente, mas se faz presente em meus dias,
se tornou a luz do meu caminho, o meu guia.
Tambores continuarão a tocar, por você e por todos os seus filhos.