3 de abril de 2018

Sussurros

Manchas de sangue no carpete 
As dores que falam e as asas cortadas
O remorso das palavras que não foram ditas
A carta ainda fechada em cima da mesa.

Manchas de sangue no carpete 
Meu corpo jogado no canto da sala
Pulsos cortados, o cheiro de sangue exala 
Mas a dor do meu peito não parou.

O telefone chama, grita, mas não consigo voltar pro meu corpo
Meu rosto branco, meus olhos parados e sem brilho,
A porta é arrombada e entram três pessoas de branco.
Vejo uma luz nas costas de cada uma.

Eu não sei quem são,
Duas cuidam dos pulsos 
A terceira do coração. 
Choques, gritos, orações.

Eu volto ao meu corpo, 
Sinto o coração pulsar de forma dolorosa,
Sinto os olhos da terceira pessoa sorrindo, por trás da máscara branca.
E as outras duas apenas dizem "graças a Deus".

Em meio a tanta loucura e turbulência 
me pergunto "quem chamou a ambulância?" 

Todos os dias alguém precisa ser salvo,
Este foi o meu dia.