23 de dezembro de 2024

Permanente

Parece que isso vai viver dentro de mim para sempre, 
e como eu lido para o coração não sentir um mão fria congelando todos meus sentimentos? 
Meu cérebro repete que tudo vai ficar bem, mas nada fica.
Cada recaída é como me jogar no precipício, 
e todo dia eu vejo isso do início. 

Não há medicamento que sane essa dor, 
não há mais perdão ou autopiedade,
já chega dessa conversa de que o tempo cura feridas e traz maturidade,
se quando criança não tive essa cura, nada vai curar o que me foi tirado. 

Eu só querida ter o direito de sentir uma felicidade que não tem fim,
sem substâncias, sem enganação, sem internamentos, sem desesperos, sem medo.
Eu não aguento mais guardar esse segredo, porque dentro de mim eu já não sei mais o que fazer,
anestesiar a dor não vai reverter o que em mim foi cortado e retirado,
é como se faltasse um pedaço de mim,
é como se pra sempre eu fosse viver assim.

17 de dezembro de 2024

Quero me libertar

Eu me perdi por instantes,
estive completamente absorvida em meu caos e dor,
queria sair do meu corpo e parar de sentir tanta dor e dormência.
Queria me libertar.

Eu me perdi por instantes,
caminhei nas direções erradas, 
encontrei pessoas tão ou mais perdidas que eu,
me envolviam em seu caos e eu não conseguia me retirar delas.
Queria me libertar.

Eu me perdi por instantes,
fiz decisões tão complicadas e não consigo me lembrar porquê,
tento voltar atrás e alguém me diz que pode ter sido um surto,
então emudeço e luto pra que isso não aconteça mais.
Quero me libertar.

12 de novembro de 2024

Restos

Vivemos uma vida numa velocidade que não imaginamos que perdemos pequenas coisas correndo atrás de grandes momentos,

As grandes partes, as grandes conquistas estão nos sorrisos depois de uma maneira realista de ver que certas lembranças tristes não foram tão tristes, assim como lembranças felizes, não foram tão felizes assim.

Parece estranho? Parece.

Mas quando a gente cresce, vamos diminuindo os pequenos momentos, as pequenas vitórias, agindo como se grandes carreiras e realizações de conquistas fossem algo que nos fizessem sentir a plenitude do ser.

Mas não, as pequenas conquistas é o que você vai levar com você pro resto da vida, quando na sua cabeça restarem apenas restos de memórias do seu ser.

Aprender a andar, o primeiro sorriso, covinhas nas bochechas, abrir os olhos ao amanhecer, se espreguiçar antes de levantar, avião na boca pra comer, o primeiro banho sozinho, a primeira vez que você anda de ônibus, o cheiro da primavera, ouvir o eu te amo dos seus pais, datas comemorativas em família, cheiro dos tios, tias e avós, tudo isso é muito maior do que o que você pode estar construindo agora.

Enfenda, não é desvalorizar o que se conquista, é entender que os valores que o dinheiro paga são apenas valores de manutenção, a verdadeira vida está ali no resto da lembrança que na velhice você vai olhar e pensar "eu vivi muito e nunca foi em vão".

Aproveite os sorrisos, os abraços, as comemorações, os beijos, os sonhos, se espreguice mais, se olhe no espelho, diga mais que você ama as pessoas que te amam, fale mais sobre sentimentos e emoções, porque o que nos mantém a gente corre atrás, mas as pessoas que se vão, nunca poderemos trazer de volta!

Dê valor às pequenas coisas. Aquelas coisas que muitos chamam de resto.